Setembro Amarelo e Saúde dos Homens

Setembro Amarelo e Saúde dos Homens

Mariana Ribeiro, psicóloga

O estigma social de que homens são o “sexo forte”, acaba impedindo que os mesmos olhem para suas próprias fraquezas e vulnerabilidades, inviabilizando o autocuidado. Infelizmente a saúde dos homens sofre negligência tanto em um sentido individual quanto social.

Diversas pesquisas têm demonstrado que homens dão menos atenção à própria saúde, muitas vezes buscando auxílio médico apenas quando já estão em algum nível avançado de adoecimento. Dados do Ministério da Saúde (2022) demonstram que homens brasileiros vivem, em média, 7 anos a menos que as mulheres, comprovando a gravidade do descaso com a própria vida. Isso se liga diretamente as crenças de força e invulnerabilidade atreladas ao sexo masculino e a ideia de que o cuidado pertence ao universo feminino.

Quando falamos especificamente de saúde mental, percebemos o quanto desde a infância são bombardeados com frases como “homem não chora”, “engole o choro”, “isso é coisa de menininha” e tantas outras crenças que reforçam a ideia de que sentir e expressar seus sentimentos são coisas de mulher, do “sexo frágil”. Com isso, vemos homens que aprenderam a ignorar os próprios sentimentos, tornando-se incapazes de lidar com eles quando estes surgem e que também não se abrem nem falam dos próprios problemas e sofrimentos. Porém, ignorar os próprios sentimentos não os anula. Pelo contrário, dados têm demonstrado um adoecimento mental significativo na população masculina.

De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade por suicídio de homens é 4x maior que a de mulheres. Segundo uma pesquisa do Today Show citada pelo Hospital Santa Mônica, 49% dos homens se sentem mais deprimidos do que admitem e 45% acreditam que podem resolver sozinhos os problemas de saúde mental. Além disso, os Transtornos de Ansiedade são os mais comuns entre os homens. Ainda de acordo com o Hospital Santa Mônica, dados da pesquisa Monitoring the Future com jovens adultos demonstrou que homens são mais propensos ao abuso de substâncias do que as mulheres e que tem duas vezes mais chances de exagerar no consumo de álcool e tem taxas muito mais altas de mortes e hospitalizações relacionadas ao uso de álcool. Infelizmente esse fato se deve a naturalização do uso e abuso de substâncias por parte dos homens, como se fossem naturais do universo masculino. Além disso, outros transtornos comuns entre os homens incluem Transtorno de Estresse Pós-Traumático e Transtorno Bipolar. Porém, devido às construções sociais sobre masculinidade aqui citadas, o adoecimento mental masculino aparece especialmente, segundo dados do Hospital Santa Mônica, através de:

– Agressão e violência

– Atividades de alto risco

– Abuso de substâncias

– Problemas físicos, como dores de cabeça crônicas ou dores de estômago

– Sentimentos de inquietação e dificuldade de concentração

– Alterações de apetite e peso

– Fadiga

– Pensamento obsessivo.

Esses dados alarmantes demonstram o quanto reprimir sentimentos tem levado homens ao extremo. Precisamos desconstruir a ideia de que o cuidado com a saúde é algo feminino ou que homens se tornam fracos e covardes quando expressam sentimentos, pois isso tem roubado a saúde e a vida de muitos homens ao longo do tempo. É necessário compreendermos que homens também sentem, se emocionam, sofrem e isso não os torna menos homens. Pelo contrário, é necessário muita coragem para olhar para as próprias vulnerabilidades e encará-las sem se esconder.

Cuidar de si é uma forma de amor próprio e respeito por si.

Referências Bibliográficas

-Hospital Santa Mônica. 5 Transtornos Mentais mais comuns nos homens. Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/5-transtornos-mentais-mais-comuns-nos-homens/?amp

-O estigma social que envolve a saúde masculina. Governo Federal. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-exercitar/noticias/2022/o-estigma-social-que-envolve-a-saude-masculina

-No pós-pandemia, a saúde mental do homem está no foco da campanha Agosto Azul. Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Disponível em: https://www.assembleia.pr.leg.br/comunicacao/noticias/no-pos-pandemia-a-saude-mental-do-homem-esta-no-foco-da-campanha-agosto-azul

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(SIMON, 2009)

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