
Mariana Ribeiro, psicóloga
Pensar em descrever o perfil psicológico de homens autores de violência doméstica inclui também analisar o contexto sócio-histórico em que esses homens estão inseridos. Uma vez que compreendemos o ser humano como uma construção biopsicossocial, não podemos ignorar os atravessamentos sociais que acabam por interferir em sua constituição psíquica. A literatura científica tem demonstrado íntima ligação entre violência doméstica e construções sociais sobre gênero, incluindo discussões sobre machismo e patriarcado.
Estudos realizados com agressores conjugais (Moraes & Ribeiro, 2012; Rosa et al., 2008) demonstram que estes homens entendem que a sua ação agressiva é desencadeada pelo comportamento da companheira, como o cuidado inadequado com os filhos e o comportamento dominador por parte delas. Quando os agressores atribuem para si as causas da violência cometida, mencionam o uso da bebida alcóolica e os problemas
financeiros como motivos da sua agressividade. Contudo, a responsabilidade pelo ato violento ainda é deslocada para a mulher, que, por se preocupar com o uso do álcool e a condição financeira acabam por pressionar os seus companheiros, resultando na violência doméstica (Rosa et al., 2008). Pode-se compreender este tipo de situação citada (pressão das companheiras para resolver os problemas) como possíveis desencadeadoras do estresse sentido pelos homens no seu cotidiano, corroborando a ideia de que o acúmulo de tensão não é bem gerenciado por agressores conjugais, conforme evidenciado por meio do Método de Rorschach.
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