O convênio é voltado para intervenção com homens autores de violência doméstica

No Brasil, em 2022, 18 milhões de mulheres sofreram violência doméstica, uma média de 50 mil por dia. A legislação brasileira, além de punir os homens autores de violência contra a mulher, determina que o agressor deve “frequentar programas de recuperação e reabilitação” e “ter acompanhamento psicossocial”, individual ou em grupo (Lei 11.340). São cerca de 300 iniciativas em todo o país de grupos reflexivos que reúnem esses homens para debater e rever suas atitudes diante da sociedade. O estado de Minas Gerais possui apenas 21 grupos de intervenção dessa natureza – dados de 2021. No entanto, o número ainda não é suficiente.
Diante disso, o Presídio de Viçosa fechou parceria com a empresa de psicologia criminal Rotulus para buscar intervir junto aos autores desse tipo de violência. A primeira etapa de intervenção começa quinta-feira, 14/09/23. O presídio tem cerca de 250 presos, sendo oito que respondem por violência doméstica contra a mulher. Nesse início, sete deles participarão do projeto.
Segundo a psicóloga e diretora da Rotulus, Rebeca Alvarenga, a escolha da cidade de Viçosa se deu pelo aumento significativo do número de casos de denúncia de violência doméstica nos últimos três anos. Rebeca e a também psicóloga e diretora da Rotulus, Aline D’Ávila, contam que tinham o desejo de trabalhar com autores de violência desde antes de fundar a empresa. Para Rebeca, “não adianta apenas acolher as vítimas, mas é preciso atuar junto ao causador”.
O diretor do presídio, Vinícius Coutinho, mostrou-se totalmente aberto ao projeto, pois já tinha tentado realizar este tipo de trabalho no Presídio de Viçosa, mas sem sucesso. “Sem uma ajuda externa não conseguimos colocar para funcionar”, explica o diretor. O principal objetivo desta intervenção é contribuir para quebrar o ciclo de violência doméstica. “Não se pode fazer somente com as mulheres, mas com os homens também para, de alguma forma, melhorar e ajudar a convivência conjugal”, completa.
Os participantes desta etapa da intervenção farão primeiramente uma avaliação psicológica e, posteriormente, o procedimento terá continuidade de modo virtual e à distância, a partir de uma nova metodologia que a empresa Rotulus desenvolveu. Cada um desses detentos percorrerá uma trilha psicoeducativa de forma assíncrona que proporá reflexões de diversos temas pertinentes a violência doméstica contra mulher. Ao final, será feita uma avaliação dos resultados da intervenção para o autor de violência dar continuidade ao trabalho ou concluí-lo.